quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

[IHM] Metáforas de Interface

É necessário realizar um esforço intelectual (maior ou menor, consoante os casos) para compreender a lógica e o funcionamento da máquina, a estrutura sedimentar das linguagens de baixo nível que lhe permitem arvorar ao nível da interface, metáforas, descodificáveis pelo utilizador. E o primeiro problema com que este se confronta é que o nível destas metáforas é pobre, na maioria dos casos. O ambiente gráfico Windows é o caso mais flagrante e este mais não é que a recriação do essencial contido no sistema Macintosh.
O termo Windows traduz um conceito já experimentado no seu antecessor: dadas as dimensões exíguas do écran, a abertura sobreposicionada de janelas permite activar em simultâneo vários programas para com eles se poder trabalhar, além de possibilitar a arrumação do espaço da forma que melhor facilite a relativa ergonomia disponível no espaço exíguo do monitor.
O sistema de gestão de dados no espaço, através da representação metafórica das suas funções, foi um avanço significativo para uma maior fluência no diálogo entre o homem e a máquina. Porém, a sua eficácia está longe de se considerar optimizada. Se no caso do Windows o conjunto das metáforas de interface pretende representar um escritório com algumas das funções mais comuns a essa actividade e se essa codificação é estereotipada e consensual para o clube dos utilizadores da microinformática, a verdade é que se o inesperado acontecer (e ele sucede com muita frequência) esboroa-se o estereótipo e o consenso termina.
A capacidade de descodificação simbólica das metáforas representadas na interface repousa fundamentalmente sobre os ombros do Homem e quando algo corre mal (arquivo mal fechado, conflito entre programas, impressão difícil de documento, falta de memória RAM para aceder a várias funções em simultâneo, etc., etc.), Sísifo reencarna no utilizador do sistema informático, que se vê obrigado a escalar a montanha do seu descontentamento para se confrontar com a complexidade e o absurdo de um qualquer rochedo informático, que mais cedo ou mais tarde voltará a desabar.
Essa a razão principal que leva gente muito inteligente a autoavaliar-se como nula em informática. Daí a alergia manifestada por muitos dos que se recusam a entrar ao mundo dos computadores. E é bem verdade que nem mesmo o rato que a montanha pariu estimula Sísifo a reencontrar a esperança.

Fonte: http://www.citi.pt/convergencia/homem_e_computador.html

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